sábado, 12 de setembro de 2009

Gestalt

Eu faço as minhas coisas e você faz as suas. Não estou neste

mundo para satisfazer as suas expectativas e você não está

neste mundo para viver conforme as minhas. Você é você, eu

sou eu. E se por acaso nos encontrarmos será maravilhoso. E

se não, não há nada a fazer.


Fritz Perls

terça-feira, 1 de setembro de 2009

É só uma gota de sangue em forma verbal

Hoje é um daqueles dias em que eu choraria rios e mares. Quando até o que deveria ser bom incomoda só pelo fato de existir. Tola... Não há mais lágrimas reais, ensinaram-me enganar o sofrer com o fim de não gastar a alma - fábrica de dor. E aí cessou a água dos olhos, essa tristeza que termina no papel ou no teclado, assim, perturbando. Certa vez um iceberg tomou conta do meu peito e a vida foi passando, como que pré-escrita, por cima das linhas tortas do destino, com excesso de brilho e ausência de sentimento. E foi pouco, parece, pelo que hoje retorna. E desta vez eu não tenho escolha.













"Loucura, não me repreenda, eu amei demais"

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Sei que tudo é um jogo. Ou uma brincadeira, melhor. Às vezes um leilão de sentimentos. E quem dá mais por uma alma cansada de vagar sentindo dor? Eu pago o preço que custar para ser feliz de novo.

domingo, 9 de agosto de 2009

Insônia

Fotografias me fazem lembrar do momento exatamente como ele se deu. Engraçado, ultimamente parei na sessão nostalgia de me mandar para o passado e ver onde deixei meus pedaços. Alguns para trazer de volta, outros não, relembrar basta, como na canção, Basta de clamares inocência, de Cartola, belíssimamente interpretada por Elis Regina, aquela baixinha danada. Música é assim comigo, vai aparecendo no meio da história(rs).
Então hoje encontrei umas fotografias, dos tempos de uma Nikon analógica. A vida estampada em momentos estáticos. Como é possível que aquele papelzinho transporte-nos a lugares e tempos tão distantes? A fotografia eterniza tudo. Até aquilo que não queremos mais lembrar. Vou dormir que já é tarde.

O MORTO QUE CANTA

Há uma morte que vem de fora e uma morte que cresce por dentro. Cada uma delas produz uma dor diferente. Nas representações artísticas, como na tela terrível de Brueghel, a primeira que é representada - como cavaleiro de alfanje na mão. Ela chega sem ser convidada, como intrusa, nas mãos do assassino, no acidente que mata como um raio, na doença que entra e vai tomando conta do corpo, por mais que se tente mandá-la embora... Aparece como uma interrupção. No seu livro 'Lições de abismo', Gustavo Corção lamentava-se de que a vida não fosse como uma sonata de Mozart: curta, não mais que 20 minutos. E, no entanto, nesse curto tempo, tudo que há para ser dito é dito. Os últimos acordes nada interrompem. Apenas completam. O que se segue, então, é o silêncio da saudade, abençoadamente feliz, pois é o silêncio que vem depois da experiência da beleza. Que pena que a vida não seja assim... Pois o que acontece é que a sonata é abruptamente interrompida pela morte intrusa, um golpe de desarmonia bruta desferido por uma potência sinistra, surda à melodia que se queria cantar. E a sonata fica ali, quebrada ao meio, fragmento, caco, incompleta...
A morte do suicida é diferente. Pois ela não é coisa que venha de força, mas gesto que nasce de dentro. O seu cadáver é o seu último acorde, término de uma melodia que vinha sendo preparada no silêncio do seu ser. A primeira morte não foi um gesto; foi um acontecimento de dor. Mas no corpo do suicida encontra-se uma melodia para ser ouvida. Ele deseja ser ouvido. Para ele valem as palavras de César Vallejo: "su cadáver estava lleno de mundo". O seu silêncio é um pedido para que ouçamos uma história de cujo acorde necessário e final é aquele mesmo, um corpo sem vida.(...)"

Rubem Alves em 'O Quarto do Mistério'

segunda-feira, 27 de julho de 2009

No words

http://www.youtube.com/watch?v=fU-_Js_a8f0

Eu velejava em você
Não finja!
Como coisa que não me vê
E foge de mim...
A boca tremia,
Os olhos ardiam
Oh! Doce agonia
Oh! Dor de viver
De ver sua imagem
Que eu nunca via
Sua boca molhada
Seu olhar assanhado
Convite pra se perder
Minha alma cansada
Não faz cerimônia
Você pode entrar sem bater
Pois eu já velejei em você
E foi bom de doer
Mas foi, como sempre, um sonho
Tão longe, risonho
Sinto falta,
Queria lhe ver...

domingo, 19 de julho de 2009

O céu na foto é um pedaço de papel



Composição: Arnaldo Antunes e Jorge Benjor

Dinheiro é um pedaço de papel
O céu é um
O céu na foto é um pedaço de papel,
Pega fogo fácil
Depois de queimar dinheiro vai pro céu
Como fumaça
Também é fácil rasgar
Como as cartas e fotografias
Aí não se usa mais
Porque dinheiro é um pedaço de papel
Um pedaço de papel é um dinheiro
Dinheiro é um pedaço de papel
Pode até remendar com durex
Mas não é todo mundo que aceita
O que não se quer melhor não comprar
O que não se quer mais
Melhor jogar fora do que guardar em casa
Dinheiro tem valor quando se gasta
Um pedaço de papel é um pedaço de papel
Dinheiro não se leva para o céu