segunda-feira, 14 de dezembro de 2015





Texto escrito em 11/02/2010, registrado hoje com a finalidade de encerrar mais um setênio e acabar com essa historinha de dor.

Esses dias revi A Casa do Lago. No decorrer do filme fala-se num livro chamado Persuasão de uma autora inglesa conhecida como Jane Austen. A história é sobre a espera. Duas pessoas se encontram. Eles quase se apaixonam mas não é a hora certa. Eles precisam se separar. E depois, anos depois, eles se reencontram e têm outra chance. Mas eles não sabem se tempo demais se passou, se esperaram demais ou se agora é tarde demais para dar certo. É terrível. Isso é do jeito que deve ser? Há mesmo tempo para tudo debaixo do sol? Será que de longe, vivendo em separado é possível fazer o outro entender como foi amado? E se não houver nada? E se alguém passar a vida inteira sozinho esperando? Não desejo que ninguém em especial me responda a essas questões, elas só vão surgindo enquanto lembro do livro, do filme. E enquanto escrevo. Um belo dia pessoas se encontram e se perdem na fantasia em que o tempo para. Logo o tempo que é somente um detalhe, e às vezes nem parece que é realidade. Só sei que alguns momentos, enquanto duram, são o mais real que pode existir numa vida, sem tempo, sem hora marcada, como as canções, as paixões e as palavras. Um coração aberto é um poderosíssimo remédio para a vida, e no entanto, é um risco. Lennon diz que a vida é o que acontece enquanto estamos fazendo outros planos, e isso acontece porque há os que não entendem desses fragmentos de vida que nos fazem felizes. A gente aprende a ter que se sentir seguro o tempo inteiro e acaba vetando as alegrias. Mas um dia, um lindo e azulzinho dia a gente corta as tranças de Rapunzel, espera a carruagem virar abóbora, come a maçã da Branca de Neve para acordar, usa os poderes do jardim de Zin, calça os sapatos de rubi e segue pela estrada de tijolos amarelos. Descobre que o mágico é um humano e sai do mundo de Alice. Abre as portas da gaiola de conto de fadas, sai com o pé esquerdo e sorri.

Despeço-me por agora dos diários, inclusive o virtual. Seguindo esse momento há duas músicas como em tudo que descreve meus eventos: 29 do Renato Russo, e The Rain Song do Led Zeppelin. A vida é agora e eu vou andar mais devagar para prestar atenção na estrada.

"These things are clear to all from time to time."
"E aos 29 com o retorno de Saturno decidi começar a viver."

sexta-feira, 5 de outubro de 2012







O Amor (Vladimir Maiakovski)

(Tradução de Haroldo de Campos)

Um dia, quem sabe,
ela, que também gostava de bichos
apareça numa alameda do zoológico,
sorridente, tal como agora está no retrato sobre a mesa.
Ela é tão bela, que, por certo, hão de ressuscitá-la.
Vosso Trigésimo Século ultrapassará o exame de mil nadas, que dilaceravam o coração.
Então, de todo amor não terminado, seremos pagos em enumeráveis noites de estrelas.

Ressuscita-me!
nem que seja só porque te esperava como um poeta,
repelindo o absurdo quotidiano!
Ressuscita-me, nem que seja só por isso!

Ressuscita-me!

Quero viver até o fim o que me cabe!

Para que o amor não seja mais escravo de casamentos, concupiscência, salários.

Para que, maldizendo os leitos, saltando dos coxins, o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia, que o sofrimento degrada, não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo: - Camaradas! Atenta se volte a terra inteira.
Para viver livre dos nichos das casas.
Para que doravante a família seja o pai, pelo menos o Universo; a mãe, pelo menos a Terra.

(1923)

domingo, 9 de janeiro de 2011

Did you know...it was all going to go so wrong for you
And did you see it was all going to be so right for me
Why did we tell you then
You were always the golden boy then
And that you'd never lose that light in your eyes
Hey you...did you ever realise what you'd become
And did you see that it wasn't only me you were running from
Did you know all the time but it never bothered you anyway
Leading the blind while I stared out the steel in your eyes
The rain fell slow, down on all the roofs of uncertainty
I thought of you and the years and all the sadness fell away from me
And did you know...
I never thought that you'd lose that light in your eyes.




Adeus. A Deus.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Pensamento Alucinado






de um Ser Apaixonado.



"Enquanto o tempo está passando eu vou tentar parar e me acalmar..."

quinta-feira, 29 de abril de 2010

De novo, as palavras

Às vezes eu solto as palavras e depois me arrependo. Quando escrevo, envio e desisto, sinto vontade de usar meu revólver imaginário na testa. Mas tem umas coisas ainda piores que eu penso. Ah, se tem. Aí escrevo metáforas, as malditas... Benditas, malditas metáforas. Companheiras da vida e da insanidade. Como aquela do 'fool on the hill, que vê o mundo girando e o sol se pondo com os olhos da mente. Há dias em que a ânsia de largar de mim mesma por um dia que seja é maior que a timidez dos meus versos tristes quando canto. Assistiu Magical Mistery Tour? Pois bem. É por aí.


Tema do dia
Letra: Mais Clara, mais crua
Geraldo Carneiro
Música:
Egberto Gismonti
Palhaço



I have ate up my own blood. Living. Day after day...


domingo, 25 de abril de 2010

Sometimes I wish I knew you well...

Tem uma canção dos Beatles que me remete àqueles momentos em que acreditamos ter todo o tempo do mundo para um dia decidir ser feliz. Sempre deixando para tentar da próxima vez. I Want to tell You é dessas músicas que são partituras humanas, de tão partes de nós, um reconhecimento como num espelho esquecido. Como largar as amarras do passado. Porque esse negócio de "I could wait forever" me lembra a gente que está sempre fugindo de si mesmo. Nem fugir, nem esperar, eu quero é viver.

It isn't me, it's just the mind...

I want to tell you,
My head is filled with things to say,
When you’re here,
All those words they seem to slip away.
When I get near you,
Things begin to drag me down,
It’s alright,
I’ll make you maybe next time around.
But if I seem to act unkind,
It’s only me, it’s not my mind,
That is confusing things.
I want to tell you,
I feel hung up and I don’t know why,
I don’t mind, I could wait forever,
I’ve got time.
Sometimes I wish I knew you well,
Then I could speak my mind and tell you
Maybe you’d understand.
I want to tell you,
I feel hung up and I don’t know why,
I don’t mind, I could wait forever,
I’ve got time. I’ve got time.

George Harrison

terça-feira, 20 de abril de 2010

TARDE

"A beleza e a tristeza da vida podem estar em situações como esta: descobrir, tarde demais, que se ama uma pessoa. Pode acontecer até com quem está ao nosso lado neste instante. Parece que é um amor morno e sem graça, e que se acabar, tanto faz, e só daqui a muitos anos descobrir que nada era mais forte e raro do que este sentimento. Tarde demais é uma expressão cruel. Tarde demais é uma hora morta. Tarde demais é longe à beça. Não é lá que devemos deixar florecer nossas descobertas."